Quase
um mês sumida, mas por motivos que explicarei agora.
Como
sabem e leram no meu ultimo post, fui visitar/conhecer pessoalmente meu pai
biológico (leiam aqui). Foi uma experiência maravilhosa e única, mas logo
depois de voltar pra casa recebi a triste notícia de que ele não havia
resistido a um exame comum: uma endoscopia.
Eu
não estava pronta para falar sobre isso e não tinha ânimo para escrever mais.
Minhas aulas voltaram, voltei ao trabalho, mas nada era a mesma coisa e nem
poderia ser. Se me conhecer era sua ultima “missão” na Terra, ele conseguiu
cumprir – e eu fiquei realmente feliz de ter tido essa oportunidade antes do
tempo dele chegar, mesmo sentindo uma dor inexplicável.
Em
minha aula de ontem (terça feira) o professor passou um slide com uma mensagem
de Fernando Pessoa que quero, agora, dedicar a uma pessoa muito importante em
minha vida, a Andrea, que sei que está sentindo uma dor bem maior que a minha.
“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao
final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário,
perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome
que damos o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se
acabaram. [...] Você pode passar muito tempo se perguntando por que
isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto
não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e
sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude
será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus
amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a
folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo
tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas
que acontecem conosco. O que passou não voltará [...]. As coisas passam,
e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é
tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de
casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo
neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo
em nosso coração, e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir
espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar
ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com
cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. [...] Lembre-se
de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada
é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode
mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do
orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já
não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa,
sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.”.
Ao
passar essa mensagem em sala meu professor me fez acordar e pensar: ei, eu ainda estou viva. Irão haver
lembranças? Claro que sim! Lembranças maravilhosas de uma pessoa que me ligava
para saber como havia sido meu dia, que se preocupava comigo, que se esforçava
para me fazer vê-lo como uma figura paterna – ainda que da sua maneira. Irão
haver tristezas? Claro que sim! Ficarei triste ao lembrar dele, mas não posso
deixar que a saudade ou tristeza tome conta de uma vida inteira. Irão haver alegrias?
Claro que sim, e as maiores! Por tê-lo conhecido, saber a pessoa maravilhosa
que era e poder chamar de família a família que antes era só dele.
Então,
o que eu tenho a dizer hoje é que as lembranças dos dias maravilhosos que
passei ao lado dele estarão sempre aqui, e são elas que importam. Quero
aproveitar e pedir desculpas para a Valéria por não ter
respondido a tag/selo que ela me mandou diante dos últimos acontecimentos,
prometo que irei fazer isso!
Do
mais, peço de coração um milhão de desculpas por tê-las abandonado e vou fazer
de tudo para recompensá-las. Um milhão de beijos,